ah a lucidez!
nos invade e nos torna mortais
nos arrebata e nos arranca do sono
pés no chão
seria preciso ter os pés ao chão,
mas agora eles estão enterrados
até os joelhos, já não consigo me mover
fui com o intuíto de ensinar
mas só consigo apreender!
diminuí o raio
só quero um tubo
quem sabe mudo meia duzia
ja desisti do mundo!
o tempo urra, passa, me ultrapassa
eu não consigo acompanhá-lo
qualquer dia vou acordar com mais de 40
pensando que tenho 20,
já posso prever isso também
facíl.. como prever o desastre
a catástrofe, o caos
o navio não tem capitão
e segue para o roda-moinho a todo vapor..
em meu sentido figurado
estou lá... no convés
desesperado, com os pés cerrados!
seguro firme a corrente grossa
em sua ponta há uma enorme ancora
jogo ela ao mar e tento segurá-la
com todas minhas forças...
mas o esforço é tanto..
que me remete ao sentido figurado mais real..
em uma linha fina de nylon
há um pequeno anzol...
eu... a seguro e jogo no mar
na esperança que o anzol enganche
em uma rocha, ou seja la no que for..
espero que por um milagre
a linha fina resista
e suporte todo o peso...
mesmo com todo o sangue
e um ou outro dedo gangrenado
espero conseguir brecar o navio
ou pelo menos mudar o seu rumo
mas o sentido figurado não dura muito
a corda arrebenta e logo ela vem....
ah... a lucidez!
