vim te apresentar um irmão
um irmão que você ainda não conheceu
de uma outra mesma nação
que chama de pai
o mesmo pai que é seu
( . . . )
o sol ferve soberano no céu sem nuvens
o sertão estala e a sola chega a rachar
a pele enrugada e avermelhada
o sofrimento que fala com o olhar
rios são veias mortas sem sangue
cortando um corpo pedindo piedade
falecendo solitário
desejando ter vontade
festejando e tentando se lembrar
de um tempo que não se viveu
a igualdade mostra a costela pela pele
a alegria jogada na catinga, apodrece
ao norte de um chão rachado sem desistir
existe um povo com sede de resistir
de repente o quintal virou um cemitério
o juazeiro da seus últimos suspiros
o santo parece estar de mãos atadas
não pode conceber um alívio
porque tamanha judiação?
tanto descaso com a sua condição
distanciado o nosso coração secou
e você apenas reza pra chover!
os olhos tristes se calam
ao ver a paisagem opaca
a água salgada que escorre
corta como uma faca
a mata em bege sonha verde
o menino descalço sonha homem
a terra batida acorda cinza
na esperança de fugir da fome
a cidade grande quase some
escondida por “de trás” da vontade
de pisar de novo naquele chão
rachado pela desigualdade!
j0t4.erre